domingo, 31 de maio de 2015

Marilyn Manson – The Pale Emperor (2015):



Por Davi Pascale

Depois de 3 anos sem gravar um disco de inéditas, Marilyn Manson retorna com The Pale Emperor. Apostando em uma sonoridade um pouco mais sombria, Manson deve agradar aos fãs, mas dificilmente deve recuperar seu antigo status.

Quando Marilyn Manson despontou na mídia em 1996 com o Antichrist Superstar, o músico incomodou muita gente com suas atitudes, seus discursos, suas letras e tudo o que aprontava no palco. Atualmente, não consegue mais chocar as pessoas como fazia no início de sua carreira, mas sejamos sensatos, hoje é muito difícil chocar as pessoas como se fazia há 20 anos. Com a internet cada vez mais popular e cada vez mais sem barreiras, é praticamente impossível achar algum elemento que choque toda uma população. A não ser que questione princípios religiosos (o que já fez) ou opções sexuais (que não teria a ver com ele). O rapaz está em uma encruzilhada.

Algo que vem me incomodando nos seus discos mais recentes é a sonoridade das guitarras. O CD obviamente é muito bem gravado, muito bem tocado, muito bem cantado. Se há algo que não podemos questioná-lo é a seriedade que faz seu trabalho. Tanto seus discos, quanto suas apresentações, sempre foram irretocáveis nesse aspecto. Mas ainda acho que a guitarra poderia ter um pouquinho mais de sujeira. Gostaria que trouxesse o som do palco para o disco. As letras continuam rondando os mesmos temas: tortura, sexo, drogas, violência, poder...

Cantor volta com álbum mais sombrio

Se por um lado, poderia vir com um pouco mais de peso; de outro, é seu melhor momento enquanto compositor em anos. Arrisco dizer que esse talvez seja seu melhor álbum desde Holly Weird, ou pelo menos, desde The Golden Age of Grotesque. “Deep Six” e “The Mephistopheles of Los Angeles” trazem uma sonoridade um pouco mais pesadinha do que o restante do álbum e nos remetem aos seus tempos de ouro. “Birds of Hell Awaiting” me remeteu ao seu velho hit “The Dope Show” (Mechanical Animals) por conta da bateria e da marcação do baixo.

Faixas como “Killing Stranger”, “Warship My Wreck” e “Odds Of Even” apostam naquela sonoridade mais sombria e arrastada, típica do rapaz. “Slave Only Dreams To Be a King” e “Cupid Carries a Gun” devem funcionar bem em cima do palco, enquanto “The Devil Beneath My Feet” tem ar de hit. Sim, os elementos eletrônicos, comuns no metal industrial, continuam marcando presença. Se tivesse que comparar com algum de seus antigos trabalhos, diria que está no mesmo espírito de Mechanical Animals.

Em seus primeiros discos, a produção havia ficado a cargo de Trent Reznor (Nine Inch Nails), aqui a produção ficou nas mãos de Terry Blate, famoso por realizar composições para filmes e games. Blate e Manson se conheceram, numa festa da série Californication, onde Marilyn Manson atuou em alguns episódios. Terry também colaborou na criação dos arranjos. Talvez o segredo seja a dupla se reunir para compor e colocar Trent novamente na produção. Daí, acho que teríamos a medida perfeita.

Nota: 7,5 / 10,0
Status: Boas composições

Faixas:
      01)   Killing Strangers
      02)   Deep Six
      03)   Thirty Day of a Seven Day Blinge
      04)   The Mephistopheles of Los Angeles
      05)   Warship My Wreck
      06)   Slave Only Dreams to Be a King
      07)   The Devil Beneath My Feet
      08)   Birds of Hell Waiting
      09)   Cupid Carries a Gun 
      10)   Odds of Even

sábado, 30 de maio de 2015

Cain’s Offering – Stormcrow (2015)

Por Rafael Menegueti

Cain's Offering - Stormcrow
O projeto que une o vocalista do Stratovarius, Timo Kotipelto, e o ex-guitarrista do Sonata Arctica, Jani Liimatainen, lançou recentemente seu segundo álbum. O Cain’s Offering ficou algum tempo parado depois do seu primeiro disco de estúdio, “Gather the Faithful”, lançado em 2009. Ou melhor, apenas Jani e Timo fizeram alguns shows acústicos juntos. Todo esse tempo entre um lançamento e outro parece que serviu para uma coisa: tornar o Cain’s Offering uma banda mais focada em suas composições.

O som da banda é exatamente o que poderia se esperar de um grupo formada por tais nomes. Power metal sinfônico carregado de melodia e riffs agressivos. A fórmula poderia parecer repetitiva em se tratando desse estilo, mas o grupo consegue dar um aspecto único e criativo em suas canções. A combinação de arranjos de teclado, os vocais competentes de Timo e a musicalidade que as faixas exalam tornam “Stormcrow” um álbum muito interessante.

Os membros atuais do Cain's Offering
As primeiras faixas são animadas e com uma melodia bem forte. A faixa-título, que abre o disco, e a segunda, “The Best of Times”, são pesadas e aceleradas, mas ainda próximas do estilo do próprio Stratovarius. O nível segue alto com a mais cadenciada “A Night to Forget”. Em “I Will Build You A Rome” temos uma das canções mais melodicamente alçadas do disco, com um refrão cativante e que faz dela uma das mais viciantes do disco.

Após isso o disco dá uma quebrada no barulho com a tranquila “Too Tired to Run”, baladinha sinfônica obrigatória em um disco de power metal, mas sem parecer aquele clichê forçado. Em “Constelation of Stars” voltamos a velocidade e peso normais, com uma faixa que destaca também os arranjos de teclado de Jens Johansson, outro membro do Stratovarius na banda. Em “Antemortem” está mais uma boa sequencia de riffs e arranjos sinfônicos, com pegada forte e intensa. “My Heart Beats for No One” é outra das faixas que se destacam pelo bom uso dos riffs agressivos e teclado. Já “I Am Legion” é uma faixa instrumental com uso forte dos arranjos orquestrais e evolução rítmica progressiva que serve de transição para o encerramento do disco, que vem com intensidade em “Rising Sun”, e suavidade em “On the Shore”.

Jani Liimatainen e Timo Kotipelto
O trabalho do Cain’s Offering é uma bela amostra de power metal que consegue ser ao mesmo tempo tradicional e fugir da mesmice. São faixas que unem bons elementos dos trabalhos e influências de seus integrantes, boa técnica e bem mais produzido do que o seu antecessor. As canções são fáceis de ouvir, não enfeitam nem inventam. Puro power metal sinfônico de ótima qualidade, feito na medida pra fãs do gênero e também para os que estão começando a curtir o estilo agora.


Nota: 8,5/10
Status: Melodico e tradicional

Faixas:
1. "Stormcrow"
2. "The Best of Times"
3. "A Night to Forget"
4. "I Will Build You a Rome"
5. "Too Tired to Run"
6. "Constellation of Tears"
7. "Antemortem"
8. "My Heart Beats For no One"
9. "I Am Legion"
10. "Rising Sun"
11. "On the Shore"

sexta-feira, 29 de maio de 2015

RPM – 30 Anos de Revoluções Por Minuto:




Por Davi Pascale

Certamente não dava para deixar essa data passar batida. Nesse mês de Maio comemoramos três décadas do álbum de estreia do RPM. Tanto o grupo quanto seu líder, Paulo Ricardo, sempre geraram relação de amor/ódio, mas quando se trata do disco em questão, todos colocam o rabinho entre as pernas. Mesmo as publicações que os massacram, quando resolvem elaborar listas de melhores álbuns da década de 80 ou até mesmo de melhores discos da música brasileira, acabam elegendo-o. E não é por acaso...

Não consegui descobrir o dia exato, apenas que foi lançado em Maio de 1985. O Brasil passava por um momento delicado. Tancredo Neves havia falecido há pouco tempo, poucos meses após assumir a presidência. Sua posse ocorreu em 15 de Janeiro de 1985 e marcava o fim do regime militar. É por conta desse feito que o Cazuza dá seu famoso discurso no final da canção “Pro Dia Nascer Feliz” durante o primeiro Rock in Rio. A notícia deu uma abalada no povo. Fora isso, aquela velha história que já conhecemos. Inflação correndo solta, censura pra todo lado, por aí vai...

Por que estou relembrando isso? Por que todos esses dados se cruzam de algum modo em Revoluções Por Minuto. Tudo aqui foi pensado. Roupa, cabelo, arranjos, discurso. Os caras sabiam o que estavam fazendo. Em depoimento ao livro Quem Tem Um Sonho Não Dança, o cantor do RPM afirma que “o primeiro disco define o que o RPM queria. Era uma coisa libertária, de garotos que tinham crescido na época da ditadura e queriam, antes de qualquer coisa, desestigmatizar a palavra ‘revolução’, que o golpe militar de 64 teimou em querer usar para definir seu golpe”.


Paulo Ricardo era critico musical antes de assumir o comando do RPM

Tendo atuado como jornalista em um passado não muito distante, Paulo Ricardo estava por dentro de tudo o que estava rolando em nosso país. E mais do que isso, de tudo que estava rolando fora de nosso país. Se por um lado, as letras retratavam nosso cotidiano, de outro, os arranjos traziam o que havia de mais moderno na cena internacional. Nos seus anos de crítico musical, trabalhou como correspondente internacional da SomTrês. Experiência que abriu os olhos do rapaz para todo um universo musical que até então não era muito corriqueiro em nosso país. Começou a se corresponder através de cartas com Luis Schiavon, deixando claro o som que queria fazer. Assim que chegou de Londres, mostrou algumas canções que tinha na cabeça e deixou claro de uma vez por todas sua proposta: fazer um som new romantic (uma vertente da new wave, muito popular na Inglaterra na década de 80) cruzando com o progressivo. Foi daí que veio o lance dos sintetizadores, da bateria eletrônica, do baixo marcado.

As questões políticas aparecem em várias letras do disco. Principalmente, nas canções presentes no lado B. A faixa-título fazia referência direta à todos os problemas que o país estava atravessando. Os caras foram tão direto na ferida que a canção foi proibida de ser tocada nas rádios. Sim, o Brasil estava passando por uma transformação, mas tudo estava no começo ainda e a censura demoraria mais alguns anos para sumir. “Juvenília” é uma crítica aos anos de chumbo do Brasil. “Liberdade /Guerra Fria”, questionava o conflito entre Estado Unidos e União Soviética.

A cena BRock ainda estava dando seus primeiros passos. Iniciados poucos anos antes com a explosão do compacto “Você Não Soube Me Amar” da Blitz, o movimento começava a ganhar força com o sucesso da primeira edição do Rock In Rio. O Brasil começava a descobrir que havia uma cena forte rolando no país. Em pouco tempo, o movimento se tornaria o momento de maior popularidade do rock brasileiro desde a explosão da Jovem Guarda. O RPM é um marco desse período. Seu LP de estréia vendeu 500.000 LPS quando o desejo dos executivos era de que vendesse 50.000 para cobrir os gastos. Quando entraram em estúdio para registrar esse LP, a realidade era um pouco diferente. A maior parte das programações das rádios era montada por canções internacionais. Foi por conta disso que nasceu a canção "Rádio Pirata". Uma crítica contra essa situação.


Elementos da new wave e do progressivo rondam o LP

Havia um ceticismo em torno do álbum, já que a gravadora não havia gostado da capa do disco. Mas a banda bateu o pé que era aquela arte que eles queriam. A imagem foi criada pelo artista Alex Flemming em cima de uma foto do Rui Mendes. Quem conhece a capa do LP, notará que o baterista P.A. não aparece nela. A razão era muito simples. O musico entrou durante as gravações do álbum e quando o acordo foi fechado (inicialmente, queriam utiliza-lo como musico contratado, mas ele se negou), a imagem da capa já estava pronta. Naquela época, fazia-se a arte de capa antes do término das gravações por ser um processo extremamente demorado.

RPM foi um fenômeno. Não apenas de vendas, mas também de impacto na juventude. Os músicos tinham seus rostos estampados em tudo quanto era lugar, suas apresentações eram uma verdadeira histeria, os rapazes eram perseguidos nos aeroportos. Não demorou muito para que começassem à associa-los aos 4 rapazes de Liverpool e a explosão da Beatlemania.

Sem querer, os garotos criaram uma aproximação do rock brasileiro com o universo do remix. Naquela época, antes da gravadora investir na criação de um LP, os artistas eram testados com um compacto. Só que o compacto do grupo paulista não emplacou. E alguém de dentro da gravadora teve a ideia de pedir para que alguns DJs (entre eles, o hoje cultuado Iraí Campos) fizessem alguns remixes de "Louras Geladas" para que pudessem atacar a música nas danceterias. Deu certo! Em pouco tempo a música foi para as rádios e a gravadora armou um esquema para explorar o recurso a partir dali. Foi por conta desse auê que nasceu uma série de LPS, que fez muito sucesso na época, chamada Dance Mix.

Revoluções Por Minuto foi extremamente pensado. O Lado A trazia as canções mais dançantes, mais comerciais. O lado B as músicas mais densas, mais sombrias, repletas de críticas políticas. RPM também foi um marco em relação à shows, trazendo tecnologias inéditas ao nosso país, mas deixaremos isso para quando fomos comentar o LP seguinte em um futuro post. Quem não conhece esse LP, vá atras. Certamente, um clássico do rock brasileiro.

Faixas:
01) Radio Pirata
02) Olhar 43
03) A Cruz e a Espada
04) Estação do Inferno
05) A Fúria do Sexo Frágil Contra o Dragão da Maldade
06) Louras Geladas
07) Liberdade/Guerra Fria
08) Sob a Luz do Sol
09) Juvenília
10) Pr´esse Vício
11) Revoluções Por Minuto

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Detonator – “Live InSana” e “Detonathor” (2015)

Por Rafael Menegueti

Detonator - Detonathor
Detonator - Live InSana
O filhinho do Deus Metal está com tudo. Depois do sucesso conquistado com seu disco de estreia “Metal Folclore”, Detonator, personagem criado e vivido por Bruno Sutter, lança dois trabalhos quase simultaneamente. Mais uma vez de maneira independente. Mais uma vez com um grau de dedicação que com certeza fará desses lançamentos também um sucesso. O primeiro álbum ao vivo, “Live InSana” (que também será lançado em DVD logo mais), e o EP “Detonathor” tem tudo pra isso.

Digo isso pela seriedade com que Bruno trata seu trabalho. O Detonator não é mais uma simples paródia. Ele já tem espaço e talento suficientes pra ser uma figura reconhecida na cena do metal nacional. A qualidade das composições prova isso. A experiência e profissionalismo ao vivo também. Não falta mais nada pra Detonator ser levado finalmente a sério como merece. Então vamos aos discos.

Começo falando do EP “Detonathor”. O disquinho tem cinco faixas, sendo três inéditas e duas ao vivo, retiradas do mesmo show do “Live InSana”, sendo que “Pegasus Fantasy” aparece apenas nesse EP. A faixa-título, que abre o disco, e a segunda, “Heavy Metal Fatality” são interessantes pelos seus contextos. A primeira é o tema central do EP, a junção de Detonator e dos poderes de Thor numa aventura. A letra ainda brinca com os versos da música “A Barata”, do Só Pra Contrariar, uma característica típica do trabalho do músico. Já na segunda, a inspiração é o jogo Mortal Kombat e uma tiração de sarro com os outros estilos musicais popularescos atuais.

“The Number of the Bicha” é uma versão adaptada de “Number of the Beast” do Iron Maiden, mas com a sacanagem que o nome sugere. Essa faixa tem letra creditada ainda aos outros membros do “Hermes & Renato”, que formavam o Massacration com Bruno Sutter antigamente. Alias, a primeira das faixas ao vivo no CD é do extinto Massacration, “Evil Papagali”. O EP se encerra com a versão de “Pegasus Fantasy”, faixa trilha do animê Cavaleiros do Zodiaco, faixa que como já disse, não está no “Live InSana”, do qual falo agora.

Detonator e as Musas do Metal no Sana Fest
O registro ao vivo é digno do bom trabalho em estúdio. O show foi gravado em janeiro no Sana Fest, em Fortaleza. Detonator sabe o que está fazendo no palco. Seu show não é uma palhaçada humorística. A banda toca sério e ele faz o papel de um frontman habilidoso. Ok, tem o caráter cômico por trás de tudo, mas isso não tira o brilho e o profissionalismo do trabalho. Sua banda de apoio, as Musas do Metal, é formada por grandes musicistas. E Bruno, ou melhor, Detonator tem grande técnica vocal. Se você acha estranho por conta do falsete forçado do personagem, preste atenção que ele precisa de esforço pra manter notas altas dessa maneira, durante o show todo, não deve ser nada fácil. E quando ele usa outras técnicas, como o gutural no início de “Metal Zumbi”, ou os mais tradicionais que aparecem em certos momentos, ele também mostra domínio no que faz.

No que diz respeito ao repertório, o show conta com aquilo que se espera: a mistura de faixas do bom “Metal Folclore” com clássicos do Massacration, que não podem faltar. Todas composições fortes instrumentalmente, com personalidade e irreverência como a proposta do Detonator pede. E executadas com incrível energia e a interação carismática com o público. Detonator firma seus pés na cena do metal nacional com mais dois êxitos. Nunca o humor foi tão sério no metal.


Nota dos dois CDs: 10/10
Status: Divertido e Empolgante

Faixas de "Detonathor":
1. Detonathor
2. Heavy Metal Fatality
3. The Number of the Bicha
4. Evil Papagali (ao vivo)
5. Pegasus Fantasy (ao vivo)

Faixas de "Live InSana":
1. Metaleiro
2. Boitatá
3. Metal Zumbi
4. Curupira
5. The Bull
6. Mula-Sem-Cabeça
7. The Mummy
8. Qual É o Negócio?
9. Saci
10. Evil Papagali
11. Metal Is the Law
12. Metal Bucetation

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Baby do Brasil – Baby Sucessos DVD+CD (2015):



Por Davi Pascale

Com show dirigido por seu filho Pedro Baby, cantora resgata seus grandes sucessos em seu primeiro DVD ao vivo. Em uma apresentação bem profissional, repassa décadas de carreira, focando em sua carreira-solo e deixando de lado a fase gospel.

Talvez a garotada que acompanha nosso blog não saiba, mas a ‘maluco beleza’ Baby do Brasil, antes de assumir posição de pastora e cantar canções evangélicas, teve uma carreira de sucesso, repleta de polêmica. Na maior parte do tempo, com o nome de Baby Consuelo. É justamente essa fase que está focada aqui.

Algo muito bacana na artista é que toda essa maluquice é autêntica. Antes de se aventurar como artista solo, Baby fez parte do cultuadíssimo Novos Baianos. Na época, os músicos viviam em uma comunidade hippie. Baby, para vocês terem uma idéia, costumava sair na rua com um retrovisor de fusca colado na testa. Durante sua apresentação na primeira edição do Rock in Rio, deu o que falar ao subir no palco grávida com a barriga de fora. Esses são apenas alguns de vários exemplos que poderíamos dar para atestar sua excentricidade.

O show, que chega agora ao mercado, já está rodando o país há quase 3 anos e serve para registrar um pouco dessa história. Pedro Baby, filho de Baby com Pepeu Gomes, é o diretor musical do espetáculo. O foco principal é a carreira-solo da cantora, mas seus tempos de Novos Baianos não foram esquecidos. Canções como “Tinindo Trincando” e “A Menina Dança” dão as caras por aqui.

Show foi dirigido por seu filho Pedro Baby

Não apenas canções, mas dois músicos de seu antigo grupo resolvem participar da celebração. Dadi e Jorginho Gomes juntam-se à Baby e Pedro para relembrarem “Mistério do Planeta” do clássico Acabou Chorare. O compositor baiano Caetano Veloso divide o palco com a cantora em “Menino do Rio” e na música “Acabou Chorare”. Participações especialíssimas. Para quem não sabe, a canção “Menina do Rio” foi composta por Caetano e foi o primeiro grande sucesso da Baby Consuelo enquanto artista solo.

Os grandes sucessos dos anos 80 estão aqui: “Sem Pecado e Sem Juízo”, “Todo Dia Era Dia de Índio”, “Telurica”, “Um Auê Com Você”, “Cósmica”, além da divertida “Barrados na Disneylandia”. Essa última tem uma história curiosa. Baby e Pepeu foram realmente proibidos de entrarem no parque da Disney por acharem que os dois chamariam mais atenção do que as atrações do parque. Pepeu Gomes, infelizmente, não aparece por aqui, mas o rapaz é homenageado com uma releitura de “Masculino e Feminino”. Homenagem justa. Ele não foi apenas marido da Baby, mas foi co-autor de várias canções, além de ter tocado ao lado dela diversas vezes, não apenas no Novos Baianos, mas também em sua carreira-solo. Um exemplo seria o memorável LP Baby Consuelo Ao Vivo: 14th Montreux Jazz Festival.

A apresentação é bem profissional e demonstra que a cantora ainda continua extremamente carismática e cheia de energia. Atualmente com 62 anos de idade, demonstra que está com a voz extremamente forte ainda. Continua apostando nas suas vocalizações, arrancando aplausos da platéia. Pedro Baby, uma daquelas crianças que aparece na capa de Pra Enlouquecer, demonstra que se tornou um ótimo guitarrista e rouba a cena várias vezes com bonitos solos. Algumas músicas mantiveram seus arranjos originais, outras ganharam nova roupagem.

Com boa qualidade de imagem e áudio, o único senão é a ausência de extras. Poderiam ter colocado, ao menos, uma entrevista com a cantora comentando um pouco de sua história e comentando sobre a apresentação. É sempre divertido assistir uma entrevista dela. Do mais, o DVD serve não apenas para matar a saudade daqueles que acompanharam sua trajetória e sentiam falta da artista, como uma porta de entrada para aqueles que não possuem um conhecimento de sua obra. Essencial!

Nota: 9,0/10,0
Status: Profissional e divertido

Faixas:
      01)   Seus Olhos
      02)   Telúria
      03)   Tinindo Trincando
      04)   Sem Pecado e Sem Juizo
      05)   Planeta Vênus
      06)   Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira
      07)   Um Auê Com Você
      08)   Minha Oração
      09)   Menino do Rio
      10)   Acabou Chorare
      11)   Cósmica
      12)   Todo Dia Era Dia de Índio
      13)   A Menina Dança
      14)   Mistério do Planeta (apenas no DVD)
      15)   Masculino e Feminino (apenas no DVD)
      16)   Barrados na Disneylândia (apenas no DVD)

terça-feira, 26 de maio de 2015

Música comentada: Pearl Jam – Jeremy

Por Rafael Menegueti



Um dos maiores clássicos do rock nos anos 90, e que fez muito sucesso com seu clipe na MTV, “Jeremy” é uma das principais músicas já compostas pelo Pearl Jam. Presente no disco de estreia da banda de Seattle, “Ten”, de 1991, a faixa foi composta pelo baixista Jeff Ament, com letra de Eddie Vedder.

A ideia da canção veio após Eddie ler uma notícia chocante no jornal. Um garoto de 16 anos chamado Jeremy que tirou a própria vida na frente de seus colegas de classe com um tiro na boca. O músico viu aquela pequena nota sobre o garoto triste e solitário num jornal e achou que devia transformar a historia em algo maior, que pudesse ter um impacto. Segundo ele, a intenção da letra e do clipe da música é mostrar como esse ato no fim não causa o efeito desejado.

A intenção do garoto ao cometer suicídio seria causar choque e se vingar, mas isso é momentâneo. Logo em seguida você vira uma nota no jornal e nada muda. O mundo continua o mesmo, e você não está mais nele. Segundo Vedder, o melhor é ficar vivo, ser forte e provar que você consegue. Essa seria a verdadeira vingança. A música também faz referencia a um garoto que Eddie Vedder conheceu chamado Brian, com quem ele chegou a ter uma briga e provocava, e que acabou atirando contra uma turma de oceanografia tempos depois.




At home
Drawing pictures of mountain tops
With him on top, lemon yellow Sun
Arms raised in a "V"
The dead lay in pools of maroon below

Daddy didn't give attention
To the fact that mommy didn't care
King Jeremy, the wicked
Oh, ruled his world

Jeremy spoke in class today
Jeremy spoke in class today

Clearly I remember
Picking on the boy
Seemed a harmless little fuck

Oh, but we unleashed a lion
Gnashed his teeth
And bit the recess lady's breast

How could I forget?
And he hit me with a surprise left
My jaw left hurting

Oh, dropped wide open
Just like the day
Oh, like the day I heard

Daddy didn't give affection, no
And the boy was something
That mommy wouldn't wear
King Jeremy, the wicked
Oh, ruled his world

Try to forget this (try to forget this)
Try to erase this (try to erase this)
From the blackboard
Em casa
Desenhando figuras de topos de montanhas
Com ele no topo, sol amarelo limão
Braços erguidos em "V"
Os mortos estendidos em poças avermelhadas logo abaixo

Papai não deu atenção
Para o fato de que a mamãe não se importava
Rei Jeremy, o perverso
Oh, governou seu mundo

Jeremy falou na aula de hoje
Jeremy falou na aula de hoje

Me lembro claramente
De provocar o garoto
Parecia uma sacanagem inofensiva

Oh, mas nós libertamos um leão
Que rangeu os dentes
E mordeu os seios da menina na hora do intervalo

Como eu poderia esquecer?
E ele me acertou com um soco de esquerda de surpresa
Meu maxilar ficou machucado

Oh, deslocado e aberto
Assim como no dia
Oh, como o dia em que ouvi

Papai não dava afeto, não
E o garoto era algo
Que mamãe não aceitaria
Rei Jeremy, o perverso
Oh, governou seu mundo

Tente esquecer isso (tente esquecer isso)
Tente apagar isso (tente apagar isso)
Do quadro negro